segunda-feira, 21 de março de 2011

Resumo - Wilfred Ruprecht Bion

WILFRED RUPRECHT BION



Nasceu em 8 de setembro de 1897, em Mutra, Punjab, na India. Aos 8 anos foi estudar na Inglaterra no Bishop’s Stardfor College. Na escola se destacou nos esportes e aos 17 anos se dispõe a ser um desportista internacional. Entra nas Forças Armadas, recebe honras aos 21 anos e chega a capitão. Ingressa aos 22 anos no curso de História, estuda também Filosofia, Linguas (latina e grega ) literatura francesa.
Entra no curso de Medicina aos 33 anos , forma-se e ganha uma medalha de ouro como cirurgião e outras distinções significativas.Em 1932 inicia-se sua prática em psiquiatria, trabalha com o DR, Hadfield , defensor da terapia psicanalítica e um dos fundadores da Tavistok Clinic, onde trabalhou por 15 anos. Até 1940 teve significativa experiência com delinqüentes
Em 1945 nasceu sua primeira filha do primeiro casamento, sua esposa morre alguns dias após o parto. Aos 48 anos (1945) instala-se em Iver Heath, aluga um consultório, inicia sua formação em Psicanálise e sua análise com Melanie Klein, que dura até 1953. Interessa-se pelo tratamento em Grupo juntamente com John Rickman (seu primeiro analista) estruturando suas idéias que culminaram no livro “Experience With Groups” de 1961.
Estudou a personalidade psicótica e escreveu uma serie de trabalhos muitos originais apresentados em Congressos e Jornais de Psicanálise. Em suas conferências havia sempre uma interação dele com o grupo, fazendo questionamentos e levando o grupo à reflexão. Tinha, portanto, um jeito questionador e instigante.
Dava ênfase na relação entre o pensamento e a linguagem na Psicose, junto com tratamento analítico das mesmas.
Em 1951 casa-se novamente com Franscesca a quem conhecewu no Instituto de Relações Humanas da Tavistok e o influenciou muito na sua vida e carreira, teve dois filhos com ela, ficaram casado até o fim de sua vida.
Em 1956 foi nomeado diretor da clínica de Londres de Psicanálise, ocupando esse cargo até 1962.
Aos 71 anos, Bion transfere-se para Los- Angeles, passando a ter mais contato com Argentina e o Brasil. Proferiu Conferências no Rio e em São Paulo nos anos de 1973, 1974, 1975 e em 1978, No Ano de 1979 volta para Inglaterra, onde morre de leucemia aos 82 anos.

Terapia de Grupo
Vale ressaltar que os primeiros escritos de Bion sobre grupos datam de 1943 (“tensões intragrupos nas terapias”), passam por 1946 (“Projeto de um grupo sem lider”), sendo que estes artigos, e outros mais, foram reunidos em 1948 em um livro “Experiências em grupos”. Em 1952, ele publicou “Dinâmica de grupo: Uma revisão”, e em 1961, sob a motivação de que “estes artigos despertaram um interesse maior do que ele esperava”, ele tornou a reunir todos estes textos e os publicou em um livro também intitulado “Experiências em Grupos”. Em 1952 ele escreve “uma revisão da dinâmica de grupo”.
Estes estudos sobre grupos são baseados em experiências vividas em distintos locais, épocas e propósitos. Assim no hospital militar, durante a 2ª Guerra Mundial, Bion descreveu as “Tensões Intragrupais” com grupos formados com a finalidade de reabilitação. Ele também descreve um método original, criação sua, de proceder a uma seleção de candidatos a oficial da armada, através da proposição de atividades em “grupo sem líder”. A experiência grupal de Bion ficou muita enriquecida com os seus posteriores experimentos de finalidade psicoterapêutica na Tavistock Clinic.
Os estudos de Bion sobre grupos mostram uma nítida influência do texto de Freud, “Psicologia das massas e análise do ego”, de 1921. Assim, Bion parte dos modelos do Exército e da Igreja os quais ele considerou como sendo “Grupos de trabalho” e que foram estudados e utilizados por Freud como ilustração de seus estudos sobre os tipos de lideranças. Da mesma forma pode-se dizer que a concepção de Bion referente aos “Supostos Básicos”do inconsciente grupal, se refere ao funcionamento do “Processo Primário” e, portanto, equivale à descrição que Freud fez acerca do “grupo desestruturado, inerente às massas”, conforme um estudo prévio de Le Bom, bastante citado por Freud no seu citado trabalho.
Dentre as concepções originais da dinâmica do Campo grupal, além que já referimos em relação aos grupos de reabilitação e de seleção, os grupos sem líder, e a abertura para a comunidade, destacamos outros conceitos.
 MENTALIDADE GRUPAL: O grupo adquire uma unanimidade de pensamento e de objetivo, o qual transcende aos indivíduos;
 CULTURA DO GRUPO: Resulta da oposição conflitiva entre as necessidades da “mentalidade grupal”, e as de cada indivíduo;
 VALÊNCIA: Esse termo é tirado da química, e que designa a capacidade que o indivíduo tem em combinar com os demais, em função dos fatores inconscientes de cada um;
 COOPERAÇÃO: É a interação das pessoas orientadas pela razão. Está relacionada com o “grupo de trabalho”;
 GRUPO DE TRABALHO: Bion afirma que todo grupo opera sempre em dois níveis que são simultâneos, opostos e interativos, mas delimitados entre si. Um é o “grupo de trabalho” e o outro é o “grupo de base”. O “grupo de trabalho” está voltado para aspectos conscientes, para a tarefa;
 O GRUPO DE (PRÉ) SUPOSTAS BÁSICAS (SB): Os grupos básicos funcionam pelas leis do inconsciente.
Bion descreveu três modalidades de supostas básicas e as denominou respectivamente de “Dependência”, de “Luta e Fuga” e de “acasalamento”.
As emoções básicas, como o amor, ódio, medo, ansiedades, etc estão presentes em qualquer situação. Mas o que caracteriza cada um dos três supostos básicos é a forma de como esses sentimentos vêm combinados e estruturados, e por isso, exigem um tipo de líder específico apropriado para preencher os requisitos do suposto básico predominante e vigente no grupo.
Em um texto de L. A. Py (1986) expõe a emergência nos indivíduos dessas suposições básicas e de como eles se interpretam. O autor afirma que “algo emerge inconsciente, instintivo e primitivo levando o grupo a um determinado tipo de comportamento que passa um padrão da espécie humana, tendo em vista o fato de o homem ser um animal gregário.
Trata–se de um comportamento de sobrevivência que então aparece de forma rudimentar, ineficiente, caricata, Os aspectos mais essenciais da sobrevivência da espécie estão aí presentes conforme descritos por Bion. Existe a expectativa da emergência do líder místico, aquele que individualmente detém capacidades invulgares e que tem condições de liderar, dirigir o grupo para a sobrevivência. O instinto de obediência a esse líder aparece caricaturado no grupo de suposto básico de dependência. Como animal predador e ao mesmo tempo alvo e presa de outros predadores, o ser humano necessita estabelecer padrões de comportamento grupais que lhe permitam lutar e fugir de acordo com as circunstâncias. A liderança necessária para tal se faz presente e a formulação das atitudes grupais que fazem face a essas necessidades encontra – se representada no grupo de suposição básica de luta – fuga.
O outro elemento fundamental da sobrevivência da espécie, a procriação e a criação da prole, está expresso no grupo de suposto básico de acasalamento.
“Assim, vemos que as principais necessidades básicas de manutenção da espécie humana emergem desta forma primitiva nos agrupamentos humanos quando é dada a oportunidade para tal”.

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